O MIGRANTE

Há tempos vim do nordeste
Daquele inferno da peste
Onde a seca fez morada
Trabalho por lá não tinha
Se tivesse não convinha
Trabalhar por quase nada

Eu plantava e não colhia
A dispensa já vazia
Era grande o desatino
Saí de lá meio duro
Mas tinha fé no futuro
Que sonhei desde menino

Vim com São Paulo na mente
Na capital do batente
Era certo ter trabalho
Mas parece até feitiço
Se só consigo serviço
Na base do quebra-galho

Talvez agora eu progrida
E possa ganhar a vida
Em trabalho que dá pé
Antes que fique de tanga
Penso vender bugiganga
Ali na Praça da Sé