O BÓIA-FRIA

Quando o galo canta, fria madrugada
João se levanta e prepara a marmita
Toma café puro, sem leite, sem nada
Ainda no escuro começa a desdita

Pega a condução, enfrenta mais um dia
Já é fim de agosto, o vento matutino
Chicoteia o rosto desse “bóia-fria”
Que sem ilusão encara seu destino

Cansado retorna já quase no escuro
Nunca cessa a luta desse brasileiro
Mal que não contorna, vida sem futuro
É muita labuta por pouco dinheiro

Comenta-se tanto que a reforma agrária
É remédio santo até evita a guerra
Quanto desencanto viver como paria
Neste país de encanto com tanta terra