A VELHICE

Certa vez alguém me disse
Que o sintoma da velhice
É por demais conhecido
Quem tiver a visão turva
A coluna meio curva
Caminha nesse sentido

Perda de parte do tato
Do paladar e do olfato
Também são outros sinais
Passa o tempo ali na sala
Não desgruda da bengala
Pois andar firme, jamais

Um começo de surdez
Sentido mais de uma vez
Ou tremer de vez em quando
São alguns sinais de alerta
Da partida quase certa
Que o momento vem chegando

Dor aguda por artrose
Até a grave trombose
Para infernizar a vida
Reumatismo deformante
Um definhar incessante
E depois a despedida

Outro fato que acontece
Qualquer velho bem conhece
Mas não fala como é
Urinar era de jato
Agora molha o sapato
Aquece o peito do pé

Mas ainda não é tudo
Há caso mais cabeludo
Que por ser grotesco humilha
Se “tira água do joelho”
Ao recolher o aparelho
Deixa molhada a braguilha

Mesmo com a companheira
Já deixou de brincadeira
Não dá conta do recado
Se tentar só tem canseira
Eis que dorme a noite inteira
Com mulher ali do lado…